Serra do Tepequém: Trilhas, Cachoeiras e Silêncio em Roraima

A viagem até a Serra do Tepequém começa no asfalto liso, mas não demora para que o cenário mude. As curvas se tornam mais fechadas, o ar esfria e as montanhas começam a surgir no horizonte. Chegar ali é como atravessar uma fronteira invisível entre o comum e o inesperado.

O que antes foi terra de garimpo, hoje guarda trilhas cercadas de vegetação, quedas d’água cristalinas e uma vila que acolhe sem pressa. Cada caminho leva a um recanto diferente, e o silêncio da serra diz muito sobre o que esse lugar tem a oferecer.

Aqui, você vai encontrar informações essenciais para conhecer a Serra do Tepequém em 2025. Tudo o que precisa saber para planejar sua ida, escolher o período certo, saber onde ficar e descobrir as trilhas que valem a caminhada.

História da Serra do Tepequém: Das Lendas ao Turismo de Natureza

Antes de ser caminho de trilhas e refúgio de viajantes, a Serra do Tepequém já era envolta por histórias. Segundo tradições orais, o nome teria surgido da união de dois termos indígenas: “tupã” e “queem”, que juntos significam “deus do fogo”.

Os antigos moradores da região acreditavam que um vulcão adormecido habitava ali. Era um lugar de respeito, guardado com silêncio e cuidado.

Décadas depois, em meados de 1936, outro tipo de presença passou a marcar o território. Os primeiros garimpeiros chegaram à serra em busca de diamantes. E encontraram. Durante as décadas de 1940 e 1950, a atividade cresceu rapidamente.

Homens de várias partes do país subiram a serra atraídos pelo brilho das pedras e pela promessa de riqueza. A vegetação foi aberta, trilhas improvisadas surgiram, e o leito de alguns rios foi alterado pelas explosões.

Ainda hoje, algumas dessas marcas podem ser percebidas. A cachoeira do Funil, por exemplo, teve seu curso modificado pelas ações realizadas durante o garimpo. Parte da força da água foi desviada, e o que vemos hoje carrega um traço visível da intervenção humana daquele período.

Com o tempo, o garimpo perdeu força. Muitos partiram, alguns ficaram. E foi justamente a natureza, deixada de lado durante tanto tempo, que voltou a ganhar espaço. A paisagem se regenerou aos poucos, e a serra reencontrou seu valor.

Em julho de 2024, a Serra do Tepequém foi reconhecida oficialmente como patrimônio material, histórico e cultural de Roraima. A lei, aprovada pela Assembleia Legislativa, confirmou o que muitos moradores já sabiam: aquele lugar carrega uma história importante.

Hoje, o lugar recebe quem chega com respeito, curiosidade e o desejo de caminhar pelas trilhas onde tantas outras histórias começaram.

Serra do Tepequém: Onde Fica e Como Chegar

A estrada que leva até a Serra do Tepequém convida o olhar a mudar de ritmo. O cenário vai se transformando aos poucos. O asfalto se estende entre campos abertos, até que as primeiras montanhas surgem no horizonte. A vegetação se torna mais densa, o ar refresca e o silêncio da paisagem anuncia a chegada a um lugar especial.

A serra está no município de Amajari, ao norte de Roraima, a cerca de 207 quilômetros da capital Boa Vista. Para quem vem de outros estados, o ponto de partida costuma ser o Aeroporto Internacional de Boa Vista — Atlas Brasil Cantanhede, que recebe voos regulares de Brasília, Manaus e outras cidades com conexões diretas.

A partir da capital, o trajeto segue por terra. A viagem de carro é a opção mais prática e também a mais interessante, já que permite flexibilidade para circular entre os atrativos da região.

O caminho passa pela BR-174 e depois pela RR-203, que leva até a vila de Tepequém. O percurso é todo asfaltado, mas merece atenção redobrada em trechos mais estreitos ou próximos de curvas.

Durante a estação das chuvas, a pista pode apresentar poças e partes desgastadas. Já nos meses de clima seco, a estrada se torna mais segura, embora ainda exija atenção em descidas e trechos de serra.

Antes de ir, vale considerar algumas orientações úteis:

  • O percurso leva, em média, quatro horas saindo de Boa Vista
  • Não há transporte público direto até a vila
  • O último posto de combustível está em Amajari, 52 quilômetros antes da serra
  • Leve água, lanches e baixe os mapas com antecedência — o sinal pode oscilar
  • Comece a viagem pela manhã, para aproveitar a estrada com luz do dia

O caminho é simples, mas reserva beleza em cada curva. Chegar até a Serra do Tepequém já faz parte da experiência. E quando a vila finalmente aparece entre as montanhas, vem a certeza de que o esforço valeu a pena.

Vila do Tepequém: A Base Para Quem Visita a Serra

No alto da serra, a vila surge como um ponto de descanso entre as trilhas e as cachoeiras. A Vila do Tepequém é pequena, silenciosa e acolhedora. Quem chega logo percebe que o tempo ali parece passar de outro jeito.

As casas simples, os jardins bem cuidados e os moradores conversando à sombra das árvores formam o cenário de quem escolheu viver perto da natureza.

É nessa vila que a maioria dos visitantes se hospeda. A estrutura é modesta, mas atende bem a quem busca tranquilidade. Existem pousadas familiares, chalés com vista para área verde e locais destinados ao camping, para os que preferem uma experiência mais direta com o ambiente ao redor.

Os restaurantes são pequenos, e os comércios funcionam de forma discreta, oferecendo o básico para quem está ali por alguns dias. Muitos dos que hoje recebem os turistas são descendentes diretos dos antigos garimpeiros, pessoas que conhecem cada canto da serra e carregam consigo histórias que não estão nos livros.

Caminhar pelas ruas da vila é parte do passeio. Ver crianças brincando na terra batida, moradores sentados em cadeiras na calçada e o som da água correndo ao fundo é uma experiência que completa a visita.

A simplicidade do lugar não é falta, é escolha. E é justamente ela que faz tanta gente querer voltar.

O Que Fazer na Serra do Tepequém: Trilhas e Cachoeiras

A Serra do Tepequém convida a caminhar com calma. As trilhas cortam a vegetação, descem até poços de águas frias e revelam paisagens que não se vê da estrada. É no trajeto, no barulho da água correndo e nas pausas silenciosas entre um passo e outro, que a serra se mostra de verdade.

Há percursos para todos os perfis. Alguns são leves, próximos da vila, ideais para quem busca passeios tranquilos. Outros exigem fôlego e tempo, mas levam a lugares altos, onde o horizonte se abre em todas as direções.

Entre os caminhos mais procurados estão:

  • Cachoeira do Paiva
    De fácil acesso, é uma das mais visitadas. Um mirante acima da queda oferece vista ampla do vale. O trajeto é curto e bem marcado, ideal para começar a conhecer a região.
  • Cachoeira do Sobral
    Cercada por vegetação nativa, essa cachoeira tem um poço fundo e calmo, ótimo para banho. A trilha até lá é breve e sombreada, o que torna o passeio ainda mais agradável.
  • Pedra Mão de Deus
    Uma formação rochosa que se destaca pela forma curiosa. A trilha é curta, com trechos de mata fechada e áreas abertas para descanso. Um bom lugar para fotografar e contemplar o entorno.
  • Trilha do Platô
    Considerada uma das mais exigentes da serra, leva até o ponto mais alto da região. Lá do alto, a vista é ampla e silenciosa. Em dias claros, é possível ver o recorte das montanhas no horizonte.
  • Cachoeira do Barata
    Menos frequentada, é uma boa escolha para quem busca sossego. A trilha atravessa trechos de mata e termina em um poço tranquilo, cercado por pedras. Um lugar para sentar, respirar e esquecer do tempo.

Mesmo com trilhas bem definidas, caminhar com um guia local pode transformar o passeio. Moradores da vila conhecem os nomes das plantas, lembram histórias antigas e sabem abrir caminhos que não aparecem nos mapas. Eles guiam não só pelos trilhos, mas também pela memória do lugar.

A prática de caminhada e os banhos em águas naturais são os destaques de quem visita o lugar. É uma maneira de desacelerar, prestar atenção nos detalhes e se permitir uma conexão mais direta com a natureza.

Quando Ir e Como se Preparar para a Viagem

A Serra do Tepequém muda de rosto conforme o tempo passa. As estações são bem marcadas, e cada uma revela uma versão diferente da paisagem. Saber quando ir ajuda a viver a experiência do jeito certo, com menos imprevistos e mais tranquilidade.

Entre setembro e março, o tempo firme domina. Os dias são mais abertos, com céu limpo e temperaturas agradáveis. As trilhas ficam secas e mais acessíveis, e os poços de água ganham transparência. É a época ideal para quem quer caminhar, registrar boas fotos e aproveitar os banhos com mais conforto.

Já entre abril e agosto, as chuvas chegam com mais frequência. A vegetação fica ainda mais viva, o volume das cachoeiras aumenta, e o som da água preenche a serra. Por outro lado, algumas trilhas exigem mais atenção, e a estrada pode ficar escorregadia em certos pontos.

Essa época é para quem deseja ver a força natural do lugar, mesmo que o passeio exija um pouco mais de preparação.

Algumas dicas simples fazem toda a diferença na hora de arrumar a mochila:

  • Leve roupas leves para o dia e um casaco para as noites, que podem ser mais frescas, especialmente nos pontos mais altos
  • Escolha calçados com boa aderência, próprios para trilha, mesmo nos trajetos mais curtos
  • Use protetor solar e repelente, tanto nas trilhas quanto na vila
  • Tenha sempre dinheiro em espécie — boa parte dos estabelecimentos não aceita cartão e o sinal de celular nem sempre funciona
  • Beba água com frequência e respeite o ritmo do seu corpo. Algumas trilhas exigem mais esforço
  • Em períodos chuvosos, acompanhe a previsão do tempo antes de sair para caminhadas longas

A preparação não precisa ser complicada. Basta estar atento aos detalhes, conhecer um pouco do que o lugar oferece em cada época e viajar com disposição para se adaptar ao tempo e ao terreno. Na Serra do Tepequém, quem chega com calma costuma aproveitar mais.

Hospedagem e Alimentação: Onde Dormir e Comer na Serra do Tepequém

Ficar na Serra do Tepequém é também ajustar o ritmo. A vila convida ao descanso, e a hospedagem acompanha esse clima. Não há luxo, mas há conforto. As pousadas são simples, bem organizadas e cercadas pela natureza. Quem recebe costuma morar ali mesmo, o que torna a experiência ainda mais pessoal e acolhedora.

A vila oferece opções para diferentes perfis de viajantes. Casais costumam buscar lugares mais reservados. Grupos de amigos escolhem acomodações práticas e com áreas de convivência. Já quem prefere contato direto com o ambiente pode montar barraca e passar a noite ao ar livre.

Entre as hospedagens mais conhecidas, vale destacar:

  • Pousada Água Fria
    Chalés com varanda e vista para a serra. O café da manhã é servido com calma, e o ambiente é silencioso. Uma boa escolha para quem quer descansar longe do movimento.
  • Tepequém Hostel
    Alternativa econômica, com quartos compartilhados e espaço comum para troca de experiências entre viajantes. Ideal para quem viaja leve.
  • Chalés do Platô
    Indicado para quem busca privacidade e conforto. Os chalés são equipados e silenciosos, perfeitos para casais ou famílias que preferem mais estrutura.
  • Camping comunitário
    Para quem leva barraca e gosta de dormir sob o céu da serra. A área é organizada, com espaço para fogueiras e pontos de apoio. Costuma atrair mochileiros durante todo o ano.

Os preços variam conforme a época e o tipo de acomodação. Na alta temporada — especialmente entre dezembro e fevereiro — a procura é grande. Em feriados prolongados, as vagas se esgotam rápido. Fazer a reserva com antecedência evita imprevistos.

O que comer?

A gastronomia da vila segue o ritmo do lugar: caseira, simples e cheia de sabor. Os restaurantes são pequenos e comandados por moradores. O cardápio valoriza ingredientes locais e preparos tradicionais, muitos deles feitos no fogão a lenha.

Entre os pratos mais servidos estão:

  • Peixe frito com farinha e vinagrete
  • Galinha caipira com arroz, feijão e salada
  • Carne de sol com mandioca cozida

Algumas pousadas também oferecem refeições, mediante pedido antecipado. É uma opção prática para quem prefere comer por perto. Há ainda lanchonetes e barracas com sucos naturais, bolos, tapioca e salgados da região. O café da manhã é reforçado, com frutas, pão de queijo e café passado na hora.

Comer na serra é parte da experiência. Cada refeição se transforma em uma pausa tranquila. Seja no prato ou na conversa com quem cozinha, há sempre algo de especial em parar e apreciar o momento.

Ecoturismo na Serra do Tepequém: Natureza e Simplicidade

O ecoturismo na Serra do Tepequém tem crescido nos últimos anos, mas o ritmo da vila continua tranquilo. As paisagens são de encher os olhos: campos abertos, vegetação típica de altitude, formações rochosas e um céu limpo que impressiona durante o dia e à noite.

A região é procurada por quem gosta de caminhadas, banho de rio e contato direto com paisagens abertas. As trilhas cortam campos, áreas de mata e levam a mirantes com vista ampla das montanhas ao redor.

A diversidade natural chama atenção logo nos primeiros passeios. É possível ver aves de várias espécies, libélulas, borboletas e pequenos animais que vivem nas áreas mais preservadas. A vegetação de altitude dá um tom diferente à paisagem, com arbustos baixos, árvores retorcidas e rochas espalhadas pelo caminho.

O clima ajuda. Mesmo durante o verão amazônico, as temperaturas na serra costumam ser mais amenas. As noites são frescas, e muitas vezes é preciso usar um casaco leve. Para quem sai de Boa Vista, o contraste com o calor da capital é sentido logo na chegada.

Perguntas Frequentes Sobre a Serra do Tepequém

Se você está planejando conhecer a serra, é natural que surjam dúvidas. Abaixo estão algumas respostas diretas para ajudar na sua organização, sem complicação.

O que fazer na Serra do Tepequém?

As atividades mais procuradas envolvem trilhas, banhos em cachoeiras, caminhadas curtas até mirantes e momentos de descanso em meio à paisagem. Também é comum observar aves e fotografar a vegetação. Caminhar pela vila e conversar com os moradores completa a experiência.

Onde fica a Serra do Tepequém?

A serra está no município de Amajari, ao norte de Roraima. Fica a cerca de 207 quilômetros de Boa Vista, capital do estado. O acesso é feito por rodovias asfaltadas e sinalizadas.

Quanto tempo de Boa Vista para Tepequém?

O trajeto leva, em média, quatro horas de carro. A estrada é asfaltada em todo o percurso, mas alguns trechos, principalmente na RR-203, exigem mais atenção em períodos de chuva.

Quantas cachoeiras tem no Tepequém?

Há pelo menos cinco quedas d’água mais conhecidas e de fácil acesso: Paiva, Sobral, Barata, Funil e Laje Verde. Além delas, há outras menores e mais isoladas, que podem ser visitadas com a ajuda de guias locais.

Precisa de guia para fazer as trilhas?

Não é obrigatório, mas faz diferença. Os guias conhecem rotas alternativas, sabem contar histórias da serra e tornam a caminhada mais segura e interessante.

Precisa reservar hospedagem com antecedência?

Sim. A vila tem poucas opções de hospedagem e a procura é alta em feriados e na alta temporada (dezembro a fevereiro). Reservar com antecedência evita contratempos e garante mais tranquilidade na viagem.

Conclusão

A Serra do Tepequém é um desses lugares que ainda guardam uma atmosfera tranquila, onde o tempo parece passar devagar. Quem chega ali percebe logo que o lugar é especial, com natureza viva, gente hospitaleira e um estilo de vida simples que convida à desaceleração.

Para quem deseja se desligar da correria, respirar ar puro, se refrescar em águas limpas e caminhar por trilhas que levam a paisagens únicas, o destino é uma excelente escolha. O ecoturismo na Serra do Tepequém não exige luxo nem pressa. O que vale é estar presente, com os pés na terra e o olhar atento ao que há de bonito ao redor.

Se esse conteúdo te ajudou, acompanhe mais artigos no nosso blog e fique por dentro de outros destinos que também surpreendem com beleza e autenticidade. E quando for, leve tempo, simplicidade e volte cheio de boas memórias.

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